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Fundação Nadir Afonso

NADIR AFONSO - laurafonso@sapo.pt

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23
Mar11

O Sentido da Arte

Laura Afonso

 

 

Texto extraido de «O Sentido da Arte» de Nadir Afonso

 

 

Então, dá-se este fenómeno estranho que nunca foi pressentido pelos estetas: o criador procura a perfeição, mas procura também intuitivamente ultrapassar o declínio da sua obra. Superior a este esforço ávido de perfeição, uma tensão suprema é feita pelo homem: a força que visa estabelecer a sua obra no absoluto, subtraída às leis da evolução. Será o criador capaz de vencer esta contradição? Como pode o homem fixar aquilo que, pela natureza evolutiva, é perpetuamente ultrapassado? Já Karl Marx, como o fizemos notar no nosso trabalho anterior — M.C.A. — se deparou com essa antinomia: “As obras de arte” escreve ele, “conservam um valor permanente, um encanto duradouro que se mantém para além das civilizações que a viram nascer”, e acrescenta ainda: “... a dificuldade reside em compreender como podem elas [as artes gregas] ainda hoje ser fonte de prazer estético...”[1]. E embora Marx não nos dê a resposta capaz de esclarecer este mistério, cabe-lhe o mérito incontestável de ter levantado semelhante questão.

 

© Nadir Afonso



[1] - Karl Marx , Sobre a literatura e a arte.

22
Nov08

As Artes: Erradas Crenças e Falsas Críticas

Laura Afonso

 Texto extraído do livro «As Artes: Erradas Crenças e Falsas Críticas»  de Nadir Afonso:

 

 

Nunca houve entre mim e os homens políticos, um bom acolhimento como se receasse, confiar-lhes o meu modo de sentir. Reconheço, contudo, que o estudo do materialismo histórico de Marx assim como da teoria do reflexo de Lenine (1870-1924), pela clareza dos seus ensinamentos e pela atenção que lhes devotei, muito me evitaram os erros da sua própria estética.
Se bem que o nosso trabalho esteja fundado sobre o trabalho destes homens e consideramos o seu sentido da evolução, inultrapassável, é, contudo, fácil de compreender a razão por que estamos em completo desacordo com as suas teorias estéticas: elas carecem, a nosso ver, desse outro sentido das geometrias matemáticas imutáveis, essência da obra de Arte. Os seus estudos «Sobre Arte»[1] surgem, assim, decapitados à nascença.
Aragon (1897-1982) não poderia ter explicado melhor as suas próprias carências: «Não pensem que sou um comunista sem sensibilidade para ver a Arte Abstracta, mas … não vejo possibilidade de aproximar os termos da política militante comunista e a Arte Abstracta»[2].
E, porque é que, Aragon, não vê aproximação possível? Não vê, porque a Arte Abstracta é justamente essa morfometria intuitiva, essa essência única que, pelas suas leis imutáveis, escapa não só ao marxismo mas a toda a filosofia, hoje, fundada sobre a evolução natural.
 
E se tal conceito evolucionista, incentivo duma proliferação de sucessivas performances de vanguarda, de mensagens “artísticas” — políticas ou esotéricas — e seus consagrados disparates, se consente, isso se deve ao facto de que a presença das leis constante da Natureza e da Arte, sempre os ditos «geométricos obcecados», a sentiram e preservaram.
 

© Nadir Afonso



[1] Sobre a Literatura e sobre a Arte — Karl Marx.
    Sobre a Literatura e sobre a Arte — Lenine.
[2] Louis Aragon. Entrevista com M. Kosice — Géoculture de l’Europe d’Aujourd’hui.

 

 

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